Precisava de desabafar

Hoje senti necessidade de escrever o que tem amargurado o meu coração. Todos temos fases. Todos temos a nossa forma de desabafar e expressar. Esta é minha. Certa ou errada não sei, mas é a que me faz sentir melhor.

Nada disto é uma depressão pós-parto, até porque é a única coisa boa que me aconteceu. Amo o meu filho e amo ser mãe. Também não é carência, estou bem resolvida e até ao momento não preciso nem quero homens.

Mas sinto-me triste, não gosto mais de tirar selfies, não gosto do que o espelho me devolve. O que passei marcou muito o meu psicológico e algumas (muitas) consequências fizeram pior. E honestamente, o serviço nacional se já era lento, agora com o covid-19 piorou.

Uma, e única, que nada tem a ver com o que aconteceu, mas é o que me afeta mais é o meu cóccix. Que em consequência de uma queda em 2018 sofreu um ligeiro desvio, não é o que me dói, mas faz com que crie líquido e isso sim, é o que provoca dores horríveis! Se aqui alguém sofreu dor no cóccix, sabe o quão insuportável é, com uma agravante, como não ando, não posso estar em pé para aliviar a situação.

Honestamente, não é só pela dor que não é fácil, mas sim, por não ter qualidade de vida. Quero ir lá fora apanhar sol, quero ir respirar a maresia, não posso, porque não me consigo sentar. Pior, tenho um bebé cheio de vida que já não gosta de estar deitado no colo, quer estar no chão, de bruços, brincar e eu não consigo acompanhar ou assistir aos melhores momentos da vida dele. E isso mata-me todos os dias um pouco mais, porque não consigo acompanhar nem realizar as tarefas que sou capaz pelo meu filho. Vejo-me de mãos atadas, presa 24h na cama. Computador, como sabem, fiquei sem, por isso nem blog, nem cinema, nem séries. Ler não consigo, porque estou sem óculos, nem ver tv. Então os meus dias são na cama e quando não estou com o meu filho, estou a dormir. Não é vida para ninguém e mexe muito com o meu psicológico e sistema nervoso!

Se há solução? Acredito que sim! Em 2019 fiz infiltrações, mas ao fim de dois meses voltaram as dores e o médico nunca mais me chamou, e não foi por falta de insistência minha. Mas depois veio o Covid-19 e como sabem, passou a ser quase um caso único. Tudo bem, é grave, mas a vida continua e também as doenças que já existiam. Mas o SNS não vê assim e o assunto arrasta-se e piora a cada dia. E eu sei qual é o meu dia amanhã e depois de amanhã.

Sou grata à doutora Mónica, assistente social da Caritas Porto, que tanto tem feito por mim, pelo meu irmão, filho e mãe. Ajudou-nos a ter os equipamentos que precisávamos e com o enxuval do Francisco. Foi graças a ela que conseguiu agendar a minha vacina, porque apesar de ser um caso prioritário, ninguém me chamou e a médica de família? É o mesmo que não ter. E a dr.ª Mónica juntamente com a enfermeira Tânia têm feito muita pressão com o médico que me passou uma nova medicação, mas infelizmente também não resulta. Acho que a solução será mesmo a infiltração, mas não sei quando será e já estou a perder a esperança.

Pode piorar? Pode! Estou sem autoestima sem vontade de maquilhar nem de sorrir. Estou a engordar por estar 24h na cama. Sem dentes, sem óculos, sem computador...precisava de um milagre chamado Doraemon, para ter no bolso a solução para todos estes problemas...