é uma dor inexplicável

Estou um turbilhão de sentimentos, peço desculpa se não for coerente, mas preciso falar. Não sou boa em exprimir verbalmente, por isso, a necessidade de escrever, mesmo que ninguém leia! Sabíamos que este dia ia chegar, mas não agora que estávamos todos tão felizes com a chegada do Francisco. E mesmo sabendo nunca estamos preparados para perder um ente querido. Ontem, durante a consulta do Francisco, tocou o telemóvel da minha mãe a informar que o meu estava com uma infecção urinária ia pro hospital. Já era frequente acontecer,  mesmo assim, queríamos feedback, óbvio! A verdade é que já eram 23h e ninguém dizia nada. Na manhã seguinte, hoje, íamos ligar. 3h e pico da manhã e toca o telemóvel da minha mãe, a médica pediu para a minha mãe ir lá porque ele estava fraco não ia resistir. O meu irmão estava numa maca com oxigénio sem responder a nada, nem o corpo respondia mais, nem tampouco abria os olhos. A minha mãe falou com ele e reagiu, muito agitado. Os médicos deram medicação para o acalmar, não ter dores, não sofrer. O meu irmão teve uma infecção generalizada que os órgãos foram parando, apenas bate o coração, mas tão acelerado que acontece o pior a qualquer momento. Aconselhou ainda a que o meu pai já viesse em viagem. Ligaram agora à tarde, o meu irmão está em coma à 17h com muitas paragens respiratórias, não sabem como resiste nem a hora da morte, mas é algo garantido e vai ser a qualquer instante! Foi internado, para ficar mais confortável numa cama e a minha mãe foi lá.

Nunca fomos muito próximos, mas eu amo-o muito. O que mais me custa foi Nunca lhe ter dito isso cara a cara, apenas por mensagem no Facebook. Temos 8 anos de diferença, em miúdos pegavamos-nos como a maioria, mas nunca permiti que o gozarem, insultassem, fosse o que fosse para o magoar e dói saber que pouco ou nada gozou da vida. Eu sai mais, namorei, vivi junto e tenho um filho. Filho esse que a gravidez e as fotos de quando nasceu, o fizeram sorrir e nem chegou a conhece-lo. E hoje está lá, no mesmo hospital onde o sobrinho nasceu e eu, ia convidá-lo para padrinho! Sinto culpa,  foi para cuidados continuados para a minha mãe se adapta ao Francisco e me ajudar e assim ajudar os 3. Estávamos à procura de soluções para voltar para casa para a semana e aconteceu isto. Dói, dói muito. Perdi uma parte de mim. Estou incompleta!