F Dia Internacional pela Eliminação da Violência Doméstica + Dia de Ação de Graças - Eu, Daniela♥

Dia Internacional pela Eliminação da Violência Doméstica + Dia de Ação de Graças


O país conhece o meu caso, primeiro pela notícia da altura (2020), e pela minha entrevista no programa Linha Aberta, conduzida pelo criminologista Hernâni Carvalho. Então não vou nem quero falar do que aconteceu, porque se a entrevista que foi só a parte "soft" do caso, chocou o país, imaginem se soubessem tudo! E a mim não faz bem reviver tudo. Mas para quem chegou agora ao blog, sim, sou mãe solteira, porque fui vitima de violência doméstica e tentativa de homicídio. Quando fui resgatada descobri que estava grávida de um mês e decidi ter o bebé, pois o Francisco não tem culpa de nada e não me arrependo nem por um segundo. Mas pelo bem do meu filho, fiz as pazes com o passado. Não desculpei nem tenciono o fazer, nem tenho qualquer contacto com o pai do meu filho. Mas já que não o prendem, também não vou andar triste nem amargurada, porque, como sempre, a justiça é cega e ele continua solto, enquanto ele ainda não foi resolver a paternidade e nem posso fazer um cartão de cidadão ao meu filho, por causa disso. Não significa que esqueci, acho que nunca o farei. Tenho medo de sair à rua sozinha e mesmo acompanhada, estou sempre a olhar por cima do obro, se vejo alguém parecido o meu coração acelera e tremo. Tenho medo de estar sozinha em casa e é rara a noite que não tenho pesadelos com tudo. Mas optei por ter uma vida "normal" para que o meu filho possa ser o mais feliz possível. 


Bom, do meu caso, já falei demasiado. Só vos quero dizer, para não julgarem uma vitima que continua assim porque quer, eu também dizia o mesmo, mas tive a prova viva que só é fácil falar. Primeiro, é um crime, mas são raros os casos em que são punidos, até são mais quando a vitima morre às mãos do agressor. E uma prova é que no dia que levei a primeira tareia a sério, fazia eu 30 anos, gritei por socorro e algum vizinho chamou a GNR, ora o guarda quando entrou, viu-me no chão com sangue e ignorou-me, teve pena dele por estar arranhado, sendo essa a minha arma de defesa, disse que também batia na mulher, para ele me tirar o telemóvel para que eu não pudesse pedir ajuda e da próxima, ligar ao 112 que me levavam para o hospital de S. João, que por sua vez mandavam para o Magalhães Lemos (hospital psiquiátrico) porque é lá o lugar dos malucos! Depois, além de violência física e verbal, há também violência psicológica que nos leva a crer que a culpa é nossa, que merecemos aquilo, como vão sobreviver sem nós e ainda, ameaçam de morte os nossos familiares.

Então tentem ajudar, não se armem em heróis e tentem intervir a menos que seja na via pública, mas caso contrário chamem a polícia, o 112 ou a comunicação social. Podem fazer de forma anónima pois é um crime público, o que faz com que qualquer pessoa possa denunciar. Vamos ajudar a acabar com isto! E no caso de ser na via pública, como fiz na paragem do metro da Sr.ª da Hora, não se limitem a olhar com cara de espanto, nem a terem pena do agressor que tem cara de anjo, como diz o ditado: quem vê caras não vê corações!  Vamos ajudar a acabar com isto!


Hoje é também o dia de ação de graças, aquele marco americano tão importante dos americanos que pelo menos já vimos em filmes e séries. Lamento que ainda não seja um costume em Portugal, porque mesmo que não se acredite em Deus,  podem também agradecer ao Universo. Já que trazemos tradições como o dia dos namorados, halloween, também deveria ser esta que é mais importante. Não somos muito de agradecer, nem mesmo os maiores feitos, quanto mais os pequeninos do dia a dia, que nem notamos. Mesmo que não seja uma tradição nossa, aproveito para agradecer na mesma por:

- a vida do meu filho, com muita saúde e alegria;
- pelo parto abençoado que tive;
- por eu estar bem dentro dos possíveis;
- pelos pais maravilhosos que tenho e pelos grandes avós que são;
- por todos aqueles que me ajudam a não faltar com nada ao Francisco;
- pela vida de todos que amam o meu filho;
- pela vida da doutora Mónica e quem trabalha na Caritas do Porto;
- pela vida dos alunos da Universidade Católica que vão passando por aqui;
- pela vida da professora enfermeira Tânia;
- pelos padrinhos do meu filho;
- pela minha família e amigos,
- pelo Niko;
.- pelos vizinhos bons que tenho;
- pelo doutor Tiago;
- pela minha médica de família, pelo enfermeiro André e a restante equipa do meu centro de saúde que me ajudaram com o quisto;
- pela Patrícia e pela doutora Ivone;
- pelo Padre Tiago;
- pelo Padre Zé Maria;
- por ter um teto;
- por ter sempre pão na mesa;
- ter água quente e luz;
- por ter uma cama limpa e confortável;
- por o meu pai ter emprego;
- e obrigada Deus, por nunca me desamparares.

Amém!

CONVERSATION

8 Comments:

  1. AQ violência que nunca termina e só crescem os índices! Terrível!

    Mas ainda bem temos lindos motivos pra agradecer nessse dia de DAR GRAÇAS! beijos, tudo de bom,chica

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  2. DE eso no quedan duda. Hay que extirpar de raíz la violencia contra la mujer. Todo tipo de violencia. Tu caso, aleccionante. La transformación de la sociedad y su humanización empieza por asumir a la mujer en condiciones de igualdad y derechos frente al hombre. UN abrazo, con aprecio. Carlos

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  3. Sofreste bem a tua parte. Muita coragem rapariga. Saúde para ti e para todos os teus.
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    Existem silêncios que atropelam ...
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    Beijo e uma excelente tarde :)

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  4. Its touching and inspiring knowing behind this, grateful for yours and your child's happiness, thankful are the highlight of blessings. May peace, happiness and loves are yours always.

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  5. Acabei de ver a reportagem, e admiro muito a sua força de ir embora e acabar com a violênci. É totalmente inadmissível que alguem que deveria ajudar, não faz nada e ainda dá dicas para o agressor.
    beijos
    https://www.dearlytay.com.br/

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  6. Lo duro que es la violencia contra las mujeres solo lo conocéis las que por desgracia como es tu caso sabéis lo que se sufre y tu gracias a Dios nos lo puedes relatar no como las que perdieron la vida.
    Al líder de la ultra derecha española en una ocasión que las denunciabais el maltrato mentíais. Yo pensé que podíamos aplicar un dicho popular que dice "piensa el ladrón que todos son de su condición" ya que años atrás denunciaba que afines a la banda terrorista de ETA le pintaban dianas en sus caballos amenazándole de muerte. Aunque no niego que sea verdad esas amenazas que sufrió.

    Saludos.

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