F 2021 o ano Yin Yang - Eu, Daniela♥

2021 o ano Yin Yang


Para mim e minha família foi, literalmente, um ano Yin e Yang. Coisas muito boas mas contrastadas com coisas terríveis a acontecerem. Ora vejamos:

Janeiro - logo na primeira semana tive uma consulta na obstetra, e por ter a diabetes muito alta, tive de ser internada. Quinze dias depois, para assegurar que tinha tudo, porque aqui há dois hospitais complementares, mas não longe, nem ao lado um do outro. Num, tem ortopedia, obstetrícia e ginecologia e no Centro Hospitalar Gaia/Espinho, as restantes especialidades e urgências, por isso, à partida, o meu parto ia ser complicado, e lá não teria cardiologista nem cuidados intensivos. Tive de ir para o S. João, fartei-me de chorar, é longe de casa, não temos carro, ver a minha mãe ia ser muito difícil, e foi, só a vi uma vez, além de me sentir sozinha, sentia-me desprotegida porque o pai do meu filho, frequenta muito aquele hospital e conhece bem, enquanto bombeiro, ia muitas vezes lá. Depois foi terrível, fui de maca e mal saí da ambulância deixaram a maca cair, entrei em pânico e só pedia uma ecografia e graças a Deus, o Francisco estava bem. Nos elevadores, havia um que estava destinado somente a casos de covid-19 e no outro, já estava um funcionário e entrar com maca não dava, política interna a prioridade é dos utentes, mas não só se recusou a sair como ainda sugeriu eu ir no do covid-19! Isso que estão a pensar, há cada filho da puta, mas o pior é que não ficou pior aí.

Quando estava na sala das ecografias veio uma enfermeira que só me apetecia dar-lhe com um gato morto no focinho até ele miar! Ela não me tratou como ser humano, ainda por cima grávida logo sensível, tratou-me diretamente e para os colegas como o peso pesado. Ainda por cima, batia na mesma tecla que eu era muito nova para usar fralda, completamente insensível ao facto de eu não caminhar! Assim que fiquei sozinha desabei em lágrimas, primeiro estava a sentir a violência que ouvi relatos de outras mães no pós-parto, o estar num local indesejado, desprotegida e sozinha, o ter tomado o pequeno almoço às 7h, serem 12:30h e o meu filho a pedir comida. Supostamente ia para casa, ainda ia demorar até comer. Perto das 13h entrou a obstetra, afinal eu ia ficar internada, mas primeiro fui fazer um exame cardiológico, por isso fui comer tarde e o almoço não era do meu gosto, nem eu podia comer sopa porque o cheiro me enjoava. Mas depois, correu tudo bem, nunca mais vi a tal enfermeira, e toda a equipa foi 5 estrelas comigo, exceto uma auxiliar que era bem rude, mas lá foi ao sítio comigo porque bati o pé uma vez, tipo, eu não metia máscara para dormir por ter problemas respiratórios, e um dia ela entrou quando eu estava acordar ia colocar a máscara e ela grita como se estivesse no exército: põe a máscara já! E eu: já? Mas está a falar com quem?? Mas nunca mais aconteceu nada e fiz amizade com uma colega de quarto que mora perto de mim. Depois comecei a tomar injeções para preparar o Francisco porque iam induzir o parto que estava agendado para o dia 29 de manhã, comecei as contrações dia 28 e como rebentaram a bolsa ao fazer o toque, automaticamente entrei em trabalho de parto e às 17:45h nasceu o meu filho, o dia mais feliz da minha vida.

Fevereiro - no dia 6 tive alta e chorei muito, queria muito vir para casa, mas ainda não o poda trazer para casa, mas para facilitar as visitas foi transferido para Gaia, teve que fazer o teste do covid-19 e coitadinho, gritou tanto que chorei. Mães entenderão! A partir desse dia, todos os dias de manhã, à tarde e à noite ligava para neonatologia a saber dele, todos os dias enfrentei frio, chuva e temporal e fazia 15 km de cadeira para estar com ele, até que a dr.ª Mónica conseguiu que a Cerci dispensasse uma carrinha para me levar de 2ª a 6ª, claro que ao fim de semana eu ia na mesma sozinha, ou não fosse eu mãe galinha. No dia 9 a Patrícia começou a trabalhar aqui e no dia 13 o meu irmão foi para cuidados continuados no hospital do Bonfim em Vila do Conde e no dia 22, o meu filho veio para casa.

Março - no dia 3 a minha mãe foi ver o meu irmão, voltou lavada em lágrimas, porque ele teve aqueles dias todos em isolamento, sozinho e sem televisão, então estava atrofiado, apenas perguntou se o menino já estava em casa e quando a minha mãe disse que sim, ele disse que já podia morrer. Pediu para vir para casa, não gostava de lá estar e a minha mãe ia trazer na semana a seguir. Viu fotografias do Francisco, e depois ficou a olhar para a minha mãe como uma despedida! No dia 4 fomos a uma consulta com o Francisco, a minha mãe estava a dizer à médica de família que o ia trazer e ela dizia para não o fazer, entretanto toca o telemóvel a dizerem que o meu irmão foi à0 urgência do hospital da Póvoa de Varzim porque tinha uma infeção urinária, mas não ligamos muito porque já era tão "normal" ele fazer infeções urinárias, mas claro, esperávamos um feedback. 22h e nada, até disse à minha mãe: notícias más correm depressa, que iam ligar no dia seguinte que foi apenas um susto! Quando às 3h madrugada toca o telemóvel da minha mãe e eu com o sono a esta hora??? Mas ligaram tão insistentemente que me caíu a ficha: algo se passa ou é o meu irmão ou o meu pai! Então chamei a minha mãe, era uma médica do Hospital de S. João que o meu estava por horas, não sabiam quantas, para a minha mãe se ir despedir. Obviamente desabei em gritos e choro, liguei ao meu pai pra vir embora, a minha mãe ligou à minha vizinha para ficar com o menino e a uma prima minha para a levar ao hospital. A tal infeção urinária foi mais forte e alastrou-se para os outros órgãos que foram deixando de trabalhar, só o coração batia, mas não sabiam quanto mais tempo. Ele foi guerreiro até na hora da morte, porque quando a minha mãe foi lá de madrugada, ele reagiu à voz dela, não abria os olhos, mas o corpo dele teve do género convulsões, deu sinais claros que sabia que ela estava ali, depois induziram-lhe o coma para ficar tranquilo e mais tarde, levaram-no para um quarto, para uma cama para estar mais confortável na hora da partida. Durante a tarde a minha mãe foi até à beira dele e conforme ela falava, os olhos dele tremia como sinal de que estava a ouvir. E teve inúmeras paragens respiratórias, mas o coração voltou sempre. Agarrei-me à esperança que tudo não passava de um susto. De madrugada, quando por fim adormeci, sonhei com ele, que o fomos visitar e no quarto havia muita luz, ele acordou, o rosto dele era cheio de diamantes que brilhavam, sentou-se na cama e pelo próprio pé e disse: já estou bem! A minha mãe acordou-me com a infeliz notícia da partida e percebi que o sonho foi a despedida.

Uma semana depois do funeral, fiz a reportagem para o programa Linha Aberta da SIC.

Abril - no dia 7 passou a reportagem, soube que ele viu e então foi para o quartel dos bombeiros dizer que tinha tomado medicação para se matar, o mesmo jogo de sempre. Chamaram a GNR e foi levado para o S. João, onde uns dias depois fugiu. Sendo apanhado uma ou duas semanas depois e internado no Hospital Magalhães Lemos, onde fugiu também e quando por fim foi apanhado e internado de novo. Fiz 31 anos e uma semana depois, o meu irmão fazia 39 e sempre festejamos juntos, este ano não tive vontade nenhuma de festejar, limitei-me a almoçar fora com a minha mãe e o meu filho.

Maio - o meu ex teve alta, diagnosticado com bipolaridade,  sem-abrigo e por isso, não sabem do paradeiro. Tive de levar três testemunhas a tribunal por causa da paternidade do Francisco e até agora não se sabe mais nada.

Junho, julho e agosto - piorei a depressão devido ao facto de estar na cama por causa do cóccix, sentia que estava a perder o crescimento do meu filho. E ia fazer o batizado em agosto, mas como no inicio de julho, a situação do covid estava a piorar, resolvi cancelar e estarmos em segurança. Em julho e agosto tomei as vacinas Pfizer e, graças a Deus, não tive nenhuma reação. 

Setembro - finalmente tive de ir ao bloco fazer um bloqueio de articulações, devido à situação do cóccix, mas, infelizmente, não serviu de nada, o problema continua.

Outubro, novembro e dezembro - foram especiais porque fiz coisas que gostava, pro natal, se bem que não deu tempo de fazer tudo o que gostaria. Mas tive sempre a ajuda da Carolina e da Rebeca, inclusive pude levar o Francisco pela primeira vez à praia, fomos ao WOW ver as luzes de Natal e ainda fizemos uma secção de fotos de Natal.



Face ao covid-19, na altura em que o meu irmão faleceu, uma prima que está na Suíça apanhou, mas felizmente nada de grave, nem precisou de ser hospitalizada e graças a Deus, não tocou a mais ninguém do meu círculo, quer família, quer amigos. 2021 também foi um ano em que evoluí e aprendi muito. Primeiro, aprendi que tenho mesmo de seguir a fé sem medos, porque Deus não falha. Isto em relação ao meu filho, segundo os médicos nem ele nem eu íamos sobreviver, mas Deus é grande e ele está cheio de saúde. E sei que devo aplicar isso em tudo na vida. Milagres existem mesmo!

Terminei uma amizade de quinze anos, porque a pessoa em questão mudou muito e na opinião geral, para pior, mas ela gosta e prefere como é agora, contra isso nada. E ao longo destes anos de mudança, houveram coisas que me magoaram, mas passei sempre por cima disso continuei amiga dela. Agora quando as coisas metem o meu filho tudo muda de figura. Não importa o que aconteceu, mas sim que fechei todas as portas e desta forma não quero que tenha contacto com o meu filho, a menos que reconheça que errou. Não estou chateada com elas, mas os santos não batem mais. Estou feliz e, honestamente, espero que ela também.

Sabem aquelas amizades que só vocês são amigos? Pois, deixa-as. Não tenho de ser só eu a falar com elas nem nada. Deixei tudo para trás, não vivo problemas alheios, relevo muitos problemas e aprendi a ser bem mais calma. Dou valor às pessoas que me fazem bem e conheci mais pessoas assim. Assim foi o meu ano, claro que de fome mais generalizada.

CONVERSATION

6 Comments:

  1. Independentemente do teor da publicação, que elogio, HOJE, passo apenas, para desejar um FELIZ ANO NOVO de 2022, extensivo à sua família.
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  2. Renovando votos para que um Ano termine e, Outro Comece, de forma mais positiva para todo o mundo.

    Festas felizes um Ano de 2022 com Saúde e Paz

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  3. Feliz ano novo para você e toda sua família , muita saúde e muitas alegrias. parabéns Francisco pelos seus 11 meses.

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